O Clérigo Mouco (10): o JL e Boaventura Sousa Santos
Dou uma “diagonal” ao artigo de Boaventura Sousa Santos no último Jornal de Letras. E ocorre-me: mesmo sendo eu muito avesso às estratégias censórias, as práticas de “cancelamento”, noto isto como imensamente denotativo de uma cultura machista, autocrática, mesmo cripto-fascista. Pois esta é a época em que o festival IndieLisboa afasta um filme por causa de uma mera anónima, e descontinuada, acusação de maus-tratos ao realizador Ico Costa.
Mas é também a época em que o JL (essa veterana sede do pungente e palavroso PS "lusófono") após tantas denúncias de assédio sexual, moral e laboral, tantas queixas, processos em curso e, de facto, estuporadas e senis auto-incriminações, continua a apoiar o “BSS”, publicando-lhe os dislates enfatuados. Como este de agora, em que o ancião coimbrão se transfigura em Assange. Para nesse meneio invectivar as “brancas”, “neoliberais” e outros antipáticos epítetos que decide dedicar às que dele se queixaram, em já desvairada insistência auto-justicativa. Assim essas senhoras de novo afrontadas, de novo incomodadas, num jornal que subsiste a expensas do Estado. Para ser palco disto.
Honestamente? Antes os assustadiços apatetados do IndieLisboa. Pois o caso “Boaventura” é já evidente. E é inadmissível esta cumplicidade dos seus compagnons … de geração e de corredores.