Na biblioteca
Após 3 anos e meio de encerramento está agora a decorrer a cerimónia de reabertura da Biblioteca dos Olivais. O portão está aberto, os presumíveis saltimbancos actuam, os lisboetas locais bebericam e canapeiam... Entro. Dou uma volta incompleta pelas aprazíveis instalações: puseram um busto do neo-divinizado Eça (dá o nome à escola vizinha e alimenta a lenda da origem da casa, enfim...). Tornaram uma sala em estúdio Fernanda Fragateiro (a artista usa um atelier municipal contíguo). E um "Gabinete de Cultura", a deixar entender que algo irão fazer.
Antes de beber algo pergunto à funcionária se já estão a trabalhar. "Só a partir das 14", atrapalha-se. E explica-me, educadíssima, "Senhor (por extenso, saúde-se) José (não há volta a dar, isto agora é mesmo assim…) para a nossa comunidade é a partir das 14, agora é para a comitiva, e esperamos o Senhor Presidente da Câmara...". Eu respondo-lhe que se é assim se calhar é melhor ir-me embora, até por causa do ""Senhor Presidente". Ela, muito amável - repito - sorri e diz-me "Decerto que não..." enquanto, suave, me encosta a mão no cotovelo rumo à saída e me insta a voltar daqui a bocado Excelente trabalho.
O comendador Teixeira sai, rumo à taberna vizinha. E esta comitiva, esta gente, fica ali, a celebrar. O quê? 3 anos e meio...? Tudo isto que vai sendo?